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Não sou rico (materialmente falando). Nasci de família humilde, numa cidade do interior de Goiás que tem o nome de um pássaro estranho que parece um urubú. Essa cidade possui aproximadamente 55 mil habitantes.

Meus pais não têm ensino superior mas deram o sangue para que eu e meu irmão estudassem (bj gente, vcs são lindos demais ❤).

Estudei praticamente a minha vida toda em colégio público de interior. Estudei apenas os dois últimos anos do ensino médio em colégio particular no interior que não era o melhor colégio da cidade.

Não passei nos primeiros vestibulares que fiz e tive de fazer cursinho preparatório para vestibular durante um ano inteirinho para conseguir passar nas universidades públicas no ano seguinte (queridos milenials, sou da época do vestibular, não me julguem).

No ano seguinte passei em 3 universidades públicas, e escolhi a melhor do estado (a qual me formei e virei professor alguns anos depois). Durante o ano do cursinho eu morava na minha cidade do interior, acordava as 04:40 da manhã para pegar o onibus das 05:15 para ir estudar na capital. Pegava dois onibus para voltar para casa, mais um bom caminho a pé, chegando por volta das 20:00 na minha casa. Estudava até a 01:00 da manhã todos os dias.

“E que horas ele dormia?” gente eu dormia nos ônibus. Sempre dormi pouco, desde criança, mas na época do cursinho pré vestibular dormia menos ainda. Dormia nos ônibus e babava nas janelas dos ônibus entre a capital e minha cidade do inteirior. Um glamour só.

Nunca prestei vestibular numa faculdade particular porque meus pais não tinham dinheiro para pagar, e na época não haviam tantos incentivos para famílias de baixa renda como existem hoje. Então a opção era faculdade pública ou não poderia fazer ensino superior tão cedo.

Não tive carro durante a faculdade (meu primeiro e único carro foi comprado 3 anos após eu ter formado, com dinheiro que poupei nesse tempo para essa finalidade e com muiiiiitas prestações no nosso Brasilsão).

Tive o previlégio de ter sido custeado pelos meus pais durante a faculdade na capital em que estudei, mas fiz estágio durante quase metade do meu curso para ajudar nos custos (a faculdade era pública mas a gente não paga aluguel, tansporte e comida com amor né?!).

Tenho cidadania italiana desde 2013, a qual fiz diretamente na Itália, também inteiramente paga por euzinho com parte do dinheiro que estava poupando para o carro. Meus pais moram em Londres desde 2008 mas só consegui sair a primeira vez na vida do país em 2013, quando fui fazer minha cidadania na Itália, e isso também é uma conversa para outro texto.

Formei já com oferta de emprego, devido ao desempenho no estágio. Houve uma época em que eu trabalhava 8 horas por dia em um emprego, desenvolvia um projeto em outro lugar e fazia mestrado. Depois disso, trabalhava 8 horas em um emprego durante o dia e virei professor universitário ministrando aulas à noite, todos os dias da semana. Depois virei “só professor” em duas universidades (observe as aspas por favor, porque ser só professor foi a época em que mais trabalhei. Professor não tem dia, hora, descanso, vida, mas é um amor infinito).

UFA!! respirem, deu pra ter uma ideia da loucura que foi minha vida né?!

Viu? eu disse que não era rico. Pelo menos não na definição pura e simples de nascer em família nobre e cresccer sem se preocupar com dinheiro. Agora se sua definição de riqueza for baseada em receber amor, ter uma família que batalha para criar os filhos, bons amigos, experiências e muito humor, aí pode me incluir tranquilão.

Muito obrigado por ter lido esse texto. Espero que ele tenha ajudado entender um pouco mais sobre o professor Pessoni e lhe incentive a continuar em busca dos seus sonhos. Sei que por vezes as coisas parecem difíceis e que não vão mudar, mas acreditem, elas irão mudar e você alcançará o que tanto sonha.